quarta-feira, 29 de maio de 2013

CIDADANIA ÀS AVESSAS documentário


https://www.facebook.com/events/147243052127012/?ref=22

De que cidadania estamos a falar?

                                                                                                             por Darcel Andrade


Aconteceu dia 30 de maio, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, o lançamento do filme que traz à tona a cidadania dos imigrantes na Europa, especificamente em Portugal. 

 Esteve presente seleto grupo de cientistas políticos e sociais da Universidade, entre eles: o Coordenador do Curso de Antropologia, Professor Hermano Carmo; Coordenadora do Laboratório de Antropologia - MobCid, Professora Marina Pignatelli; outras Pesquisadoras como as antropólogas Claudia Vaz, Maria de Fátima Amante, Irene Rodrigues, Sônia frias; os discentes de licenciatura, mestrado e doutoramento Darcel Andrade, Andreia Meijinhos, Sara Gaspar, Pedro Fonseca, e convidados como José Falcão, do SOS Racismo; e demais alunos.

O projeto partiu da ideia de levantar dados sobre cidadania no eixo das migrações transnacionais, assunto da disciplina de mesmo nome ministrada pela Cientista Social Celeste Quintino, no curso de doutoramento. Apesar de que o filme não esgota um assunto tão amplo, o diretor teve o cuidado de eleger um elenco significativo de estudiosos no assunto, bem como o ativista do SOS Racismo Mamadou Ba e imigrantes de Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Brasil, China e Índia, Cabo Verde e Guiné-Bissau, uma representação de alguns imigrantes que escolhem a Europa como destino e lugar para viver, cada um com seus motivos, sonhos e esperanças.

 




O acadêmico em antropologia Pedro Fonseca entrevista José Falcão do SOS Racismo antes da sessão.


 

Professora Marina Pignatelli, Coordenadora do Laboratório de Antropologia da Universidade, abre a sessão ao falar da objetividade do MobCid e a importância de incorporar a experiência de fazer filmes e vídeos [neste caso o projeto proposto pelo Uni Escolas Cinema], enquanto possibilidades de se construir saberes, valorizar pessoas, ouvir as vozes através dos documentários com foco antropológico. Sara Gaspar esclarece ao público presente sobre a 'polifonia' do filme como narrativa imagética.

 

 

Na sequência, Darcel Andrade destaca o método que o Uni Escolas Cinema apresenta na feitura de um documentário, ao envolver Universidades, Escolas e comunidades, com viés nas problemáticas sociais do ser cidadão, e apresenta a sinopse do filme.

 

Para o diretor, o "Cidadania às Avessas" pode ser um construto de reflexões epistemológicas, onde podemos encontrar algumas categorias das ciências sociais e políticas que podem ser discutidas em espaços educativos e fora deles. Apresenta como tema gerador a mobilidade e o processo migratório de pessoas e dos povos; como temas transversais: a questão da nacionalidade; as políticas de fronteiras e da segurança dos estados; as desigualdades sociais; os direitos humanos; Identidade[s] e Cidadania, bem como as implícitas questões econômicas dentro deste contexto.

[...] Aqui temos almas, cientistas políticos e sociais, migrantes, pessoas que se disponibilizaram sem temor para falar de um assunto tão contundente e pertinente nesses tempos em que, em alguns países, as fronteiras-nossas-de-cada-dia se levantam para separar o homem do homem. Não somente as fronteiras físicas e políticas em que os estados “tentam se proteger de uma ameaça que vem de fora” [após o 11 de setembro], mas as fronteiras do preconceito velado e silenciado, estas fronteiras invisíveis que revestem a nossa pele e nos acompanham sem delas nos darmos conta." __ conclui o diretor do filme.


A Pesquisadora Maria de Fátima Amante, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com tese sobre 'fronteiras e identidades', discorre no filme sobre as barreiras fronteiriças dos países e afirma que, dentro das atuais circunstâncias políticas que o mundo apresenta, após o ataque de 11 de setembro nos Estados Unidos, elas [as fronteiras] tendem a crescer. Enquanto estudos, Fátima destaca as 'Identidades' do cidadão migrante, e diz haver duas configurações: a identidade objetiva, aquela que faz parte da pertença do cidadão que chega, ou seja, a cultura e a língua do país de origem e a ideia de nacionalidade que o acompanham; e a outra identidade, a subjetiva, ou seja, o desejo do imigrante, o sentimento de que faz parte do processo de cidadania no país de destino, ainda que tenha as limitações da lei [da imigração].



Pesquisador Mamadou Ba - SOS Racismo

  
O ator social Mamadou Ba [tela] diz que o processo migratório no mundo é irreversível, e que os imigrantes podem ser uma alternativa ou uma solução para o equilíbrio da economia local do continente europeu. Essa afirmativa vai ao encontro dos estudos feitos pela investigadora Teresa Ferreira Rodrigues, "Doutorada em História Contemporânea e agregada em Relações Internacionais pela FCSH, Universidade Nova de Lisboa, Professora de Relações Internacionais na FCSH–UNL e docente convidada do Instituto de Estatística e Gestão de Informação (responsável pelas áreas da Demografia e Prospectiva). Investigadora do CEPESE, onde coordena o grupo de População e Prospectiva. Auditora do Curso de Defesa Nacional 2009." Diz a autora:

“A União Europeia deverá passar de 495 para 521 milhões de habitantes entre 2008 e 2035, altura em que começará a diminuir progressivamente, atingindo 506 milhões no ano de 2060 . Então a percentagem de pessoas acima dos 65 anos será de 30 por cento (17,1 por cento em 2008), 12,1 por cento dos quais com 80 ou mais anos (4,4 por cento em 2008) . Os imigrantes irão ser chamados a protagonizar um papel de destaque no desenho do futuro da Europa, porque representam uma oportunidade. São, no entanto, também um desafio e os riscos associados aos novos perfis de população estrangeira devem ser pensados. Qual o posicionamento da Europa envelhecida?”






Sendo o filme um mosaico de temátcas sociais, as entrevistas se revezam nos contrapontos dos argumentos das vozes. Mamadou volta à tela e traz a público a importância que o estado deve atribuir aos imigrantes, a considerar que este fenômeno é uma constância na mobilidade internacional e que "o homem sem liberdade de ir e vir é um homem sem esperança, e o homem sem esperança é um homem morto". Ele reconhece que Portugal teve grandes avanços nas políticas de imigração e diz se sentir parcialmente integrado no contexto da cidadania, faltando-lhe o direito do voto. Entre vários assuntos, o direito ao voto é uma das reivindicações que o SOS Racismo apresenta em sua agenda de trabalho ao pensar os imigrantes, já estabelecidos, representar ou escolher seus representantes na esfera política. Mamadou profere ainda que as fronteiras tem que acabar. Seu discurso é duro quando se refere a um outro discurso construído pelo estado, de que os imigrantes são uma ameaça. Para ele, "esse discurso é uma falácia".





Em sua tese Fronteira e Identidade Construção e Representação Identitárias na Raia Luso-Espanhola, publicada pelo ISCSP-UL, Fátima Amante (2007: 69) diz: "Na sua componente de espaço social a fronteira interessa aos antropólogos pelo fato de se acreditar que o isolamento a que estão 'votadas' por parte do Estado, as zonas de fronteira, e a proximidade geográfica e cultural de outro Estado e nação, tenham contribuído para a construção de uma identidade muito própria, uma identidade a que poderíamos chamar de identidade de fronteira, distinta da identidade nacional."

A autora busca em Frederik Barth (1969) as preocupações da antropologia pelo assunto, que se amplia nas últimas décadas do século XX, e faz justiça aos estudos de Edmund Leach (1960) que estudou as fronteiras nas montanhas de Burma, entre Índia e Myanmar (aniga Burma), com resvalo nas questões políticas. Interessante que, em seu texto, a autora problematiza a noção convencional de fronteira política e apresenta "uma zona na qual as culturas se interpenetravam dinamicamente, através de vários organismos políticos, ecológicos, econômicos, e de parentescos, demonstrando como os conceitos de fronteira, Estado e nação, por mais independentes que sejam, não se aplicam na mesma forma a todas as organizações políticas" (2007: 69).


Para a antropologia, o assunto sobre fronteiras está situado na estrutura epistemológica do pós-modernismo e aos poucos ganha proporções alargadas dos antropólogos à medida que os conflitos étnicos se configuram no contexto da política global. Amante (2007) dialoga também com Clifford (1994) para falar das 'diásporas', com Tsing (1994) para pontuar as populações 'às margens', com Canclini (1997) ao referir-se às 'culturas híbridas', e apresenta duas obras de Hannerz (1996; 1997) para nos chamar a atenção para os contextos transnacionais.


Referido-se aos seus autores, A pesquisadora resgata a categoria da marginalidade (aquele que não está incluído integralmente a um sistema) como espaço de poder, e diz que nos deparamos com uma luta constante por parte destes aspectos marginais da cultura, [luta dos imigrantes] conseguirem obter alguma capacidade de representação. Aqui podemos ampliar para dizer que a situação dos imigrantes de fronteira, não é diferente quando esses ou outros imigrantes, em zona de trânsito, conquistam outros espaços no país de destino e resolvem se estabelecer em cidades mais populosas. No exercício dos deveres locais, contribuições de impostos, conquistam alguns direitos civis básicos, como saúde, educação; com o tempo, reivindicam direitos dos mesmos cidadãos nativos, como o direito ao voto, por exemplo. E aqui está um dos calos da "cidadania às avessas" que o filme traz para reflexão.



O doutorando Darcel Andrade fez a mediação do debate
  
Quem prestigiou também o debate e trouxe grandes contribuições foi a Pesquisadora Irene Rodrigues, também do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa; ela que tem tese sobre os imigrantes chineses em Portugal. Autoridade no assunto, fez analogias da imigração na Europa referentes a outros povos. Ao consultar sua produção científica, o Uni Escolas Cinema descobriu uma entrevista de Irene Rodrgues, publicada no site




José Falcão, do SOS Racismo; Darcel Andrade, doutorando em antropologa; e as antropólogas Irene Rodrigues e Maria  de Fátma Amante, pesquisadores do MobCD, ISCSP - Universidade de Lisboa.


Irene Rodrigues estuda os  imigrantes chineses desde a sua tese de mestrado e que ampliou ao seu doutoramento. Diz a pesquisadora na entrevista ao 'Jornal Algarve 123', edição 779: 

Em Portugal, a maior parte da população chinesa é oriunda de dois municípios muito específicos. Sem querer entrar em grandes percentagens, é seguro dizer que [emigram] 80 a 85 por cento das pessoas dos municípios de Wenzhou e Qingtian, província de Zhejiang Sudeste da China. Nesta zona específica, as pessoas 'emigram' para a Europa desde o século XIX. O que acontece é que a partir de 1978, no pós-maoismo, este fluxo migratório começou a ter de novo uma grande intensidade. No início, tinha uma grande orientação para a França e para Itália. No nosso país, este fluxo começa em 1985, primeiro para a restauração, e depois para o comércio, com grande intensidade a partir de meados dos anos 1990. [...] Os migrantes chineses vêm com o objectivo de fazer dinheiro ou juntar dinheiro (zhuanqian). São ideias muito antigas na cultura chinesa e que têm a ver com um ideal de prosperidade e de riqueza. [...] De um modo geral, sei que os chineses gostam muito de viver cá, porque a sociedade portuguesa em comparação com as de outros países da Europa, está mais receptiva à sua presença. Sentem que são tratados com maior igualdade. Se calhar aqui não fazem tanto dinheiro, porque de facto, o país é mais pobre, mas o ambiente social é mais saudável. Eles apercebem-se disso, sobretudo os que têm experiência de vida noutros lugares.





Tanto Fátima Amante como Irene Rodrigues, recomendaram que o filme seja compartilhado aos demais professores e alunos, em disciplinas dos cursos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP que contemplam as questões de cidadania e das migrações transnacionais. Destacaram no filme os relatos reivindicatórios dos imigrantes na busca do reconhecimento pela cidadania,  as dificuldades que essas pessoas encontram nos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras - SEF, em Portugal. Porém, com muita propriedade, a pesquisadora Fátima Amante aponta lacunas no filme quanto à ausência de vozes daquela instituição e de outras relacionadas, para esclarecer alguns aspectos de caráter político, de 'segurança do estado', e mesmo de estudos acadêmicos. Diz que Portugal, apesar das restrições estabelecidas pela lei dos imigrantes, é um dos países que melhor recebe e acolhe o imigrante na Europa.

Em resposta a essas colocações sobre as lacunas, bem observadas, esclareceu o diretor do filme e discente da Universidade que, por duas vezes se dirigiu aos Serviços de Estrangeiros e de Fronteiras para gravar entrevistas, sendo orientado pela autoridade local a encaminhar um documento oficial para esta finalidade, e que aguardasse o retorno. Devido a brevidade do tempo e datas no calendário de compromissos assumidos, isso não foi possível ainda, mas a obra está aberta (Umberto Eco 1968) para inserção de conteúdos futuros.




Convidado José Falcão, do SOS Racismo, com a palavra.
    



José Falcão é um ativista que se coloca à frente das questões étnicas e raciais e defende a 'ausência de fronteiras' dos países no mundo. Segundo ele, o filme 'Cidadania às Avessas' traz  uma amostra do que o SOS Racismo produz em Portugal na voz do colega Mamadou Ba. Falcão é autor e co-autor [como se define] de inúmeras publicações da instituição, entre livros, cartilhas, agendas, filmes e um vasto repertório de eventos e palestras em escolas e Universidades, onde discute as diferenças sociais no contexto da cidadania portuguesa e da Europa.

Na sintonia do discurso de Mamadou Ba, Falcão imprime sua opinião sobre as fronteiras europeias e as reivindicações dos migrantes no desejo de se tornarem cidadãos com os mesmos direitos dos cidadãos nativos. Reforça a ideia de uma cidadania universal sem a fronteira do nacionalismo prepotente, defende a tolerância entre os povos. 

Em sua entrevista gravada ao MobCid [Laboratório de Antropologia Mobilidade, Cidadania e Desenvolvimento] , na pessoa do acadêmico Pedro Fonseca, diz: "os imigrantes não tem direito ao voto e uma Europa que vela por passar a vida a falar da boca pra fora os direitos humanos esquece desse direito elementar, que durou séculos a conquistar anos para se conquistar que era o direito ao voto [...] as mulheres em Portugal [...] somente 1974 tiveram acesso ao direito ao voto na sua plenitude. O direito mais elementar, de fato, que é votar, que dá direito a essas pessoas, a decidir pra onde vai os seus impostos... esses imigrantes, essas pessoas não têm esse direito. Portanto, quando se fala em cidadania, ela não existe em Portugal, como não existe na Europa, porque a cidadania, ou é de todos ou não é de ninguém"




Na audiência, contamos com o prestígio do Coordenador do Curso, Professor Hermano Carmo, o qual possui formação diversificada nas diversas áreas do conhecimento das ciências sociais e políticas, e conhece bem o fenômeno da migração transnacional e suas problemáticas com foco sociológico. Para o pesquisador, é necessário definir os países protagonistas que promovem a segregação e que defendem as políticas de fronteiras. "Eu não gosto dos pronomes indefinidos 'uns', 'alguns' __ diz o Pesquisador. Complementa: "Portugal é o país que melhor recebe o imigrante na Europa, apesar das restrições e critérios estabelecidos pelos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras - SEF, restrições essas que estão nos tratados internacionais e que Portugal só cumpre as exigências da comunidade europeia."


O MobCiD também entrevistou o Professor Hermano. Veja sua fala:

Após a queda do muro de Berlim, e com a criação de uma sociedade que é muito influenciada pelo neo-liberalismo, pelo consumismo, pelo repentismo, pelo hedonismo; a cidadania está muito associada apenas  à defesa dos direitos. Falta o outro peso da balança que é a questão dos deveres cívicos. Eu penso que hoje é cada vez mais fundamental equilibrarmos esta ideia quando transmitimos a educação para a cidadania é transmitir a ideia do equilíbrio entre os defesa dos direitos humanos e questão dos direitos cívicos.

Outra questão que me preocupa hoje quando se fala de cidadania [...] Hoje o ser cidadão... não se pode circunscrevê-lo a um espaço nacional. Hoje há toda uma identidade plural, que tem a ver com o que é ser cidadão do[em] meu país, mas também ser um cidadão do mundo, que tem uma série de estatuto próprio, direitos e deveres  [...]  isto é crer que, em todo país precisamos de uma estratégia de uma educação para a cidadania a todas as gerações de jovens, adultas e de velhos.

A identidade plural a que se refere imprime a ideia de um cidadão também plural, e essa pluralidade é encontrada, principalmente, no cidadão migrante que carrega identidades objetivas e subjetivas referidas por Amante (2013) acima, com todas as implicações da cultura local e do país de origem, os sentimentos de pertença, as crises de identidades, e os conflitos de toda ordem que supostamente encontra no país de destino, o processo de assimilação em causa e as questões dos direitos cívicos e deveres com o estado. Nesse contexto, Hermano Carmo prioriza a educação como estratégia no exercício da cidadania. A pergunta é: será a escola, a família e o estado responsáveis pela formação plural do cidadão plural?


Darcel Andrade, Andreia Meijinhos, Pedro Fonseca, Sara Gaspar, Marina Pignatelli [Coordenadora do MobCiD] e João...

Essa é a 'turma da barulheira' com o amigo Braima Cassami, Presidente da Associação dos Alunos dos Países Africanos da Universidade de Lisboa, que nos prestigiou. Baima é um dos entrevistados no documentário 'Cidadania às Avessas'. 



Assim sendo, acredito que o documentário, nesta segunda versão, cumpriu seu objetivo de agregar esforços na promoção de uma cidadania mais justa. Ficaram algumas lições de nossos debatedores e entrevistados, tod@s, de alguma forma, contribuíram para pensarmos o que vem a ser um cidadão transnacional dentro desta teia das relações humanas e da mobilidade de pessoas e povos migrantes.
Como algumas entrevistas ficaram de fora por conta do tempo planejado para a sessão [priorizamos o debate], uma terceira edição será realizada, conforme apontamentos dos debatedores; desta vez com o olhar mais atento na construção de um longametragem, com mais conteúdos e dados informativos.


A produção do documentário conta com o aval do Laboratório de Antropologia, o MobCid, Coordenado pela docente Marina Pignatelli, estudiosa com tese dos Imigrantes Judeus em Lisboa e outras temáticas relacionadas; a equipe técnica é constituída por estudantes do curso de antropologia, desde a licenciatura até o doutoramento, no esforço coletivo de melhor entender esse fenômeno humano. São eles: Sara, Pedro Fonseca, Andreia Meijinhos, Darcel Andrade e a Coordenadora do MobCid Marina Pignatelli. Maria Celeste Quintino faz a consultoria. Também contribuíram as investigadoras Fátima Amante, Susana Garcia, Irene Rodrigues, Maria João Militão, os Investigadores Marcos Ferreira e Pedro Marcelino; Associação dos Estudantes e Associação dos Estudantes dos Países Africanos da Universidade Técnica de Lisboa.

Registro meus agradecimentos ao prestígio de meus professores presentes e aos que acreditaram nesse projeto, pela liberdade concedida e credibilidade; aos colegas  que somaram esforços e souberam viabilizar esta versão e na organização do encontro; à Coordenação do MobCiD, professores entrevistados, migrantes, funcionários da Universidade.

No cinema, não fazemos nada sozinho. O sonho é muito grande, e quando o sonho é grande, compartilhamos e sonhamos juntos!

Deixo o meu abraço deste cidadão do mundo.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Morre diretor de 'Missa do Galo', Roman Stulbach.

Uni Escolas Cinema homenagea Roman Stulbach, autor do precioso curta Missa do Galo (1974), com Fernanda Montenegro, adaptado do conto de Machado de Assis. Roman faleceu nesta quinta, 16 de maio 2013. 
Participou da ABD nos anos 70. quando a entidade era representativa, agregando realizadores de curta e documentaristas.
 Marcelo Serra: 'o curta do Mario é bem legal vi na cabina da falecida Embra. Recentemente Roman estava trabalhando com Severino Dadá e Andre Sampaio em novo projeto.....'
 O filme está indisponível. Talvez liberem em sua homenagem!

terça-feira, 14 de maio de 2013

CONSELHO BRASILEIRO DE CINEMA - CBC com vaga aberta para a presidência a partir de 15 de maio de 2013

por Marcos Manhães Marins

Eu sugiro o concurso:
"O(a) presidente que quase acabou com o CBC".


Gustavo Dahl abandonou a presidência do CBC logo no primeiro ano
para assumir o GEDIC - Grupo de Estudos para o Desenvolvimento da
Indústria Cinematográfica, criado por Fernando Henrique Cardoso
logo após a realização do grande encontro do CBC, que mostrou
a que veio, reunindo TODAS as categorias do cinema em POA e
deliberando o envio de um PLANO DIRETOR com 69 pontos. FHC
o convidou, e ele foi. Ok, devia ter ido mesmo. E agora, o CBC,
como seria sem Gustavo?

MAS o CBC não acabou, entrou Assunção Hernandes, produtora de
DEZENAS de lonas, mas de voz suave, diferente de Dahl, e na época
algumas pessoas pensavam que não daria conta, mas deu e superou
as expecativas, tornando-se uma das melhores lideranças do CBC.
Até hoje, pois tem estado CONSELHEIRA em todas as gestões.

Assunção Hernandes foi só o susto inicial, acho que não ganharia
o hipotético "concurso". Na gestão da Assunção, tivemos um quadro
de associados que melhor traduzia o nome da entidade: CONGRESSO.
Tínhamos sindicatos de distribuidores, associação de multiplexes,
todos lá, unidos em busca do melhor cinema para o Brasil. Mas
o fim do mandato transcorreu normalmente. A eleição foi no Ceará.


Aí veio Geraldo Moraes, ex-secretário do audiovisual, cineasta
respeitado, indicado por muitos. Até que caiu no colo dele a
questão da ANCINAv, e ele se viu diante de conceder ou distender.
O CBC, como entidade CONGREGADORA dos diversos setores do cinema
e do audiovisual deveria se ABSTER, APOIAR OU ATACAR A ANCINAV?
Muitos discordaram, mas Geraldo estava firme e apoiou o projeto
do governo, e vimos sair do CBC algumas entidades (na época,
somente 4 de fato, algumas ficaram no CBC para também se filiaram
ao FAC, uma instituição criada às pressas para atacar a ANCINAv).
A ANCINAv  foi derrotada pelos produtores ligados às majors e
às televisões, pelas programadoras de tv, pelas distribuidoras
de filmes para cinema e tv. Daí, todos pensavam ser o fim do CBC.
MAS não foi e ainda na gestão de Geraldo Moraes, começaram a
entrar novas entidades representando categorias empresariais e
profissionais, e mais duas ficaram de sair. Nesta época havia
54 entidades filiadas, caiu para 50, e depois foi subindo para
60 (no último CBC novamente em POA, em 2010  havia 70 filiadas).


E Geraldo passou a bola para Paulo Boccato, produtor jovem, a
entidade se esforçava para novamente CONGREGAR todos os setores,
e até mesmo a televisão para dentro do CBC. Parecia inicialmente
uma boa estratégia até que acendeu um sinal de alerta: o CBC
caminhava para uma gestão digamos "neo-liberal", indo contra os
princípios que nortearam a criação do CBC, visando mais o cinema
de resultados financeiros, as parcerias com o sistema que o CBC
foi criado para mudar. Disse uma vez o próprio Paulo Boccato:
o problema do CBC é que vive uma crise de identidade.  Seria o
fim do CBC? Não, as eleições chegaram e a Senhora Édina Fujii,
diretora tesoureira do CBC conseguiu resolver os problemas de
caixa, e uma nova Gestão se iniciou com renovadas esperanças.


A gestão de Paulo Rufino foi um tanto tumultuada, porque ela
coincidiu com a entrada do setor do Cineclubismo no CBC, e
sob a liderança de João Baptista Pimentel, que não aceitava o
nome de Rufino, julgando-o publicamente para falar o mínimo
como "despreparado" para o cargo. Paulo Rufino é um produtor
que tinha ganhado grande prestígio ao conseguir mobilizar um
grande número de produtoras e simpatizantes, inclusive indo
a Brasília, para garantir que as produtoras de audiovisual
ficassem dentro do SIMPLES NACIONAL, pagando menos imposto.
E já fazia parte do CBC havia alguns anos, não tinha chegado
naquele ano, junto com um outro produtor, filho de Geraldo
Moraes, que formaram basicamente a chapa de oposição. Após
uma negociação demorada, comandada pela Assunção Hernandes,
ex-presidente do CBC, ficou acertado que Assunção faria
parte da diretoria, e ela me convidou para CONSELHEIRO do
CBC. Foi na gestão de Rufino que foi criada a TV BRASIL, e
ele teve grande participação nisso, assim como também teve
Pimentel e muitos outros diretores e não-diretores do CBC.
Assim que a TV BRASIL entrou em operação, Paulo Rufino nos
comunicou que estava deixando a presidência antes do prazo
previsto (e aguardadíssimo por Pimentel). Agora o CBC ia
para o brejo, depois desta "escada". MAS NÃO, o vice de
Rufino, Jorge Moreno assumiu com garra e levou o CBC até
a data de eleição, firme no leme. Essa gestão foi de 2007
a 2009.


Rosemberg Cariry assumia a presidência. Com uma dezena de
longas produzidos, Cariry é e era respeitado tanto pelos
excluídos, pelos abdistas, os cineclubistas, os pequenos
cineastas, como pelos grandes, até por Luis Carlos Barreto.
Um poeta, um cineasta do simbolismo, trouxe ar para o CBC.
Um líder, mas que também enfrentou oponentes, em sua
propria terra natal, além das questões complicadas que o
presidente de uma entidade congregadora e constestadora
tem de enfrentar. Mas continuavam as adesões, cada vez
mais entidades de diversas categorias vinha se filiando
ao promissor CBC de então. Cariry assumiu já com  um
novo estatuto do CBC, que deixava claro que não era uma
entidade representativa de todo o setor audivisual, e
que o CBC não era "o interlocutor" único, tendo todas
as filiadas total liberdade de tratar com ANCINE, MINC
e com quer que fosse. Se por um lado não era o único,
em seu estatuto não atendia as "exigências do pessoal
do FAC" para que o CBC fosse também apenas um fórum de
discussões. NÃO, O CBC, na gestão anterior, onde fui um
dos Conselheiros, CONTINUAVA A SER INTERLOCUTOR TAMBÉM
e com a força do número das entidades que o integravam.
Continuou sendo uma entidade congregadora de várias
outras entidades filiadas, que podiam e podem recorrer
a uma ajuda mais coletiva. Rosemberg viu entidades como
a ABRACI (que já não era mais Associação nacional de
cineastas, só no nome, visto que várias outras associações
de cineastas, como por exemplo a APCNN (cineastas do
Norte e Nordeste) se organizaram e entraram no CBC),
pedirem desligamento, mas não desanimou. Conduziu com
grande liderança e entusiasmo as lutas e o CBC só cresceu.
MAS não queria mais continuar, não queria nem continuar
na diretoria, no fim de seu mandato, em 14 de Maio de 2011.


NESTA DATA, 14 DE MAIO DE 2011, assumiu a presidência o
cineclubista João Baptista Pimentel, com mandato de 2 anos,
que se extingue exatamente hoje 14 DE MAIO DE 2013. E, se
não circular nenhum comunicado de Pimentel, somos forçados
a supor que a presidência do CBC está vaga.

Pimentel também travou lutas para emplacar algumas conquistas
para o Cinema Brasileiro, e foi o anfitrião de todas as
reuniões do CBC por vários anos, muito antes de ser eleito,
por talvez os últimos 4 anos, sempre no Festival de Atibaia.
Uma das conquistas foi assegurar que o enquadramento das
produtoras no SIMPLES NACIONAL conseguido pelo movimento
feito por Rufino não nos fosse tomado pelo pessoal da Receita
anos mais tarde. E trabalhou arduamente junto com outros
diretores e colaboradores (destaca-se aí a Tereza Trautman)
para que a Lei 12.485 fosse aprovada no congresso nacional.
Entre elas uma ação extrajudicial contra a SKY que tentava
induzir os assinantes dela a se posicionarem contra a nova lei.
É cedo para fazer um balanço de tudo que Pimentel produziu
de resultados para o cinema deste país. Isso certamente ele
fará, inclusive, no dia em que passar o bastão para o próximo
presidente, que lamentavelmente não temos a menor idéia de
quem possa vir a ser.

Portanto, vamos deixar o "concurso"(:-) de lado um pouco e fazer
um APELO, para que quem saiba o que está ocorrendo na diretoria
do CBC (à qual não pertenço desde 2009), escreva na lista ou
pode ser em particular para [...] que eu transmito aqui e
tranquilizo o POVO DO CINEMA.

A bem da verdade, já passou da hora de o CBC soltar uma nota
oficial para todas as entidades filiadas. Há 30 dias era a hora.

Será que está havendo um problema de comunicação? Já fui no
site do CBC e nada. No facebook do CBC e nada. Da lista CBC
das entidades não chega nada sobre isso.


IMPORTANTE:
ANTES DE TERMOS O CBC, só havia o Governo e as entidades civis
em briga às vezes desigual. DEPOIS DO CBC, as entidades foram
mais ouvidas, foram mais convocadas para as reuniões, na
ANCINE, na EBC, em todos os cenários de discussão e deliberação.

COM O CBC, é possível travar uma luta contra alguma ação do
governo que vise prejudicar o povo do cinema, contra alguma ação
de empresas (como foi o caso das ações que o CBC moveu contra
a ABPTA e contra a SKY quando quiseram derrubar a Lei 12.485).
Ações ganhas, porque os anúncios estapafúrdios saíram do ar!
O volume de adesões de entidades filiadas demonstra uma união
cada vez mais crescente e forte, todos dispostos a lutar juntos.
MAS QUEM VAI PRESIDIR O CBC DE 2013 A 2015?

Temos de fato poucos cineastas ou produtores dispostos à Luta
por um Cinema Brasileiro Mais forte e Mais unido. Assumir um
cargo, mesmo que não seja cargo público, demanda um trabalho
quase sacerdotal de horas e horas, uma militância que poucos
tem disposição de enfrentar. Só uma pessoa nobre de espírito
aceitaria a MISSÃO nestes 2 anos. Vamos aguardar as notícias.

Ou por outra, vamos começar a pensar nomes que se afinem com
os objetivos estatutários do CBC. A princípio são os mesmos
que pensei para ocupar a diretoria da ANCINE, um fica lá e
outro no comando do CBC. Mas pode ser outros também. Tereza
Trautman aceitaria a missão? Que nomes mais vocês sugerem?


O CBC é forte, garoto saudável de 13 anos. Não morre tão cedo.
E queremos o CBC como sempre foi, marcando posições.

Forte Abraço, vida longa ao CBC!!!

Marcos Manhães Marins
CINEMABRASIL.org.br
Um dos 23 fundadores da entidade CBC em 2000
Conselheiro do CBC na gestão 2007-2009.

sábado, 11 de maio de 2013

A VEDAÇÃO A verdadeira história de uma família que desafia uma nação

por Darcel Andrade


Racismo institucionalizado, cultura em processo de extinção e resistência identitária são alguns conteúdos marcados no filme 'A Vedação', 

do diretor Phillip Noyce


A disciplina é 'Desigualdades e Cidadania' e os conteúdos passam pelas questões da pobreza, conflitos étnicos e afirmação de identidades dos povos. Passamos pelo México (S. Frias: 2013), depois os Estados Unidos da América; seguimos para os povos da África com algumas inserções na Europa, e chegamos no continente australiano com os Aborígenes, um povo que ainda luta pela afirmação de sua cultura e identidade.


 

Filme A Vedação, apresentado na disciplina Desigualdade e Cidadania, ministrada pela Profª  Drª Susana Garcia no Curso de Doutoramento em Antropologia da Universidade Técnica de Lisboa

Como estudante de antropologia do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa e apaixonado pelo "cinema que nos faz pensar", trago à tona uma recorrente situação que muito tem preocupado pesquisadores e cidadãos sobre as questões do racismo, apresentadas no filme A Vedação, do diretor Phillip Noyce, baeado na história real  da aborígene Molly e sua irmã Dayse, mais a prima Grace. Aqui não há espaço para a apologias da cor, nem tão pouco abro espaço para a palavra 'raça', porque ela não existe como categoria antropológica, embora seja compreendida e atribuída às pessoas, no senso comum, como definição dessa ou daquela 'raça'.

 

A sessão era exclusiva, somente para nós alunos do doutoramento sentados em uma enorme e confortável sala de projeção; lamentei a ausência de uma platéia lotada para depois discutirmos as abordagens da película de 90 minutos. E me lembrei do 'A Cor púrpura', do 'Tomates verdes e fritos' e tantos outros filmes que valeram como escola e público crítico. E agora A Vedação assistido com outro olhar, com outro foco, porque agora há um planejamento sistemático pra cumprir um programa, ao mesmo tempo que 'obriga' a criar conteúdos, liberta-me da obrigação de ser apenas um público contemplador. Valho-me da palavra contemplação neste pequeno texto para reportar-me a ela novamente em sentido mais amplo, quando apenas contemplamos as problemáticas de nossos semelhantes seres humanos, a raça humana, inigualável, e nada fazemos para ajudá-los. 

 

As nações fecham-se em fronteiras, com enormes e gigantescas 'vedações' para não deixar entrar as ameaças que vem do território do vizinho ao lado, de quem está de fora [a culpa sempre é do outro], ao mesmo tempo não deixar fugir 'os coelhos' que somos, presos às leis que nos limita a liberdade de ser, de ir e vir, sem tempo e nem data,  parindo e procriando todos os dias, promovendo, em muitas vezes, explosão demográfica e suas consequências sem planejamento urbano, o caos na população sem competências para se autodisciplinar e viver sem conflitos, sem desconfiança, uma utopia na busca de uma distopia foucoultiana.

 

 

E como se não bastasse, o exercício de domínio dos latifúndios nacionalistas em tempos de guerras, pra não dizer nações invasoras, como demosntração de poder, roubam a 'galinha do vizinho' e põem a culpa na raposa para eximírem-se da responsabilidade ética e étnica de suas ações xenofóbicas do espelho, e se fazem 'superiores' porque chegaram na frente na [in]diferente corrida às novas formas de costumes e novas tecnologias; esqueceram que outras formas de civilização que não estão 'nem aí' pra toda essa dita modernidade, e são tratadas como 'menores', com valores menores, tudo a menor, como fato recortado no filme 'A Vedação'.

 

A mente dominadora do homem dominador não consegue pensar como a mente de quem é dominado ou se deixa dominar, mas também não alcança a dimensão de sua fragilidade de pensar o quão é pequena e restrita quando se trata de valores e direitos humanos; o seu macro universo, ainda que vazio, é rígido, comparado a um grande quadrado de ferro onde ela mesma [a mente dominadora] não consegue libertar-se de seu próprio domínio, prefere oxidar mergulhada na sua soberba e vaidade, na sua realeza, ainda que não tenha. No filme, a recusa de Molley  em ser moldada pela 'elite dominante' é um exemplo de 'ácido sulfúrico' a ser jogado  nessa estrutura oxidante de quem pensa ser 'superior'.

 

Historicamente, a humanidade nos reporta às monarquias e czarismos com seus regimes de conquista e domínio, e nessa trajetória, muitos povos foram dizimados, massacrados e, aos que restaram, dominados. Entre tantos, os aborígenes na Austrália, habitantes primitivos do continente Australiano, com resquícios no Canadá, com risco de extinção, sofreram ações de extermínio por décadas. Reportando-me ao filme, o que se sabe, desde 1886 as mulheres aborígenes eram subtraídas à força de seus grupos para não procriarem com seus pares semelhantes, não amarem, e isoladas em colônias religiosas, [des]"educadas" na cultura branca dominante e entregues às famílias como escravas domésticas, uma tentativa de embranquecimento da população.  Uma espécie de laboratório com projeto financiado pelo governo. A história é real e é contada na voz da protagonista, já idosa.

 

Doris Pilkington resgistrou a história de vida da Aborígene Molley em livro, que se transformou em roteiro por Cristine Olsen, agora o filme que vos apresento. A direção é impecável e não é à toa que o dretor arrancou prêmios dos principais festivais de cinema do mundo como "Melhor Realizador".

 

Sobre o filme, durante a assistência, é difícil deixar de prestar a atenção na técnica de linguagem e narrativa, na fotografia com seus deslizes de 'halo' [raios de sol na lente], mas com brilhantes planos zenitais, dois, e de afastamento, demonstrando por vários momentos a solidão das perssonagens em meio aos seus desertos.

 

Sobre as personagens das meninas, vejo a mão do talentoso diretor nos ensaios das pequenas atrizes, talvez iniciantes, que souberam convencer a platéia na realidade dramática de suas histórias. Um filme terno e dramático que surpreende do início ao fim com poucos recursos cênicos. Eu disse poucos, porém muito ricos!


terça-feira, 7 de maio de 2013

Filme sobre 'memória e justiça'

'GÊNIO INDOMÁVEL' É TEMA NO SIMPÓSIO DE MATEMÁTICA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

Universidade, Escolas e Comunidades se aproximam em mais uma sessão do Cineclube Pacamão, espaço criado pelo Projeto de Extensão Acadêmica da UEPA Campus Vigia para promoção da Educação Audiovisual e suas implicações socioeducacionais e culturais.

 

Educadores e educandos da Universidade do Estado do Pará e Escolas Públicas, juntos com as Comunidades da cidade de Vigia de Nazaré se mobilizam para assistirem ao filme Gênio Indomável, dirigido por Gus Van Sant, lançado em 1997, com os conhecidos atores Robin Williams e Matt Damon. 

Muito bem escolhido pela equipe do Cine Pacamão, o filme traz à borla grandes temas que provocam discussões acadêmicas e em rodas de conversas, como a genialidade de um jovem e sua capacidade de operá-la [a genialidade] no cotidiano da vida. Traz o filme também a clareza de separar genialidade de conhecimento, bem como as possíveis intervenções de orientação na descoberta de grandes pensadores em busca de oportunidades.

Não somente a matemática é alvo deste filme, mas sua abrangência no campo da cognição e percepção do ser aprendiz, quando gênio descoberto, muitas vezes não sabe lidar com suas próprias emoções, e outros fatores entram a reboque como a psicanalise e estudos correlatos.

Segundo o professor Leandro Alcerito, do colégio Vértice de São Paulo, referindo-se ao filme, diz: "Conhecimento não é tudo. O protagonista é muito bom em matemática, mas em termos emocionais é uma criança de cinco anos. É muito legal perceber como a genialidade não é sinônimo de sucesso. Também é interessante mostrar o intelecto como uma forma de dar valor à sua vida, ao bem-estar. Ele é o típico aluno que pode decorar Shakespeare, mas nunca o sentiu."

Para o Professor de arte, filosofia e sociologia Zilton Salgado: "Perceber como o saber construído pode servir de metáfora, as resoluções dos problemas matemáticos são apresentadas como soluções para problemas da vida, o que às vezes podem ser aplicadas em sala de aula."

É o cinema em favor da educação; é o Uni Escolas Cinema cumprindo seu papel social em parceria com a Universidade do Estado do Pará, Professores e alunos, escolas e comunidades.

Parabéns aos amigos do Cine Pacamão, aos Professores Elielson Figueiredo, Damásia Nascimento, alunos e professores das escolas públicas, Coordenação do Campus universitário de Vigia!