sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MEU PRIMEIRO FILME


A Vida Leva e Traz, de Darcel Andrade, película e dvd, 18 min.

O filme mostra a solidão de dois personagens que se amam e vivem uma questão cruscial no seio da família: solidão e afeto. Os conflitos dos protagonistas se revelam com poética e suavidade; a mãe, de ser ou não abandonada pelo filho, que também vive o conflito de abandoná-la, mediante às conquistas profissionais fora do Brasil. 

Uma história pertinente para se discutir temas geradores como o abandono do idoso pelos familiares, sua solidão, o amor desprendido por toda a vida aos seus queridos e quando chega ao fim da vida aparece o fantasma da solidão; temas transversais também podem ser trabalhados como as questões psicológicas do cuidador, aquele que cuida do seu idoso, sua [não]preparação, desprendimento e disponibilidade.

De forma implícita, aparecem no filme outros assuntos como a aposentadoria, as políticas públicas voltadas para essa demanda social, o estatuto do idoso, o cuidador ou cuidadora de idosos e outros correlatos. A direção é do cineasta paraense Darcel Andrade, que assina também o roteiro. 

Crítica: O filme é coerente em sua narrativa, lenta como o caminhar de um idoso; traz para nós uma leitura lúdica de uma situação humana que é universal, ou seja, a nossa velhice. Ao assistir a essa obra, vê-se uma chaga no poder público de poder abrigar todos os idosos em seus programas de aposentadoria daqui a uns trinta ou cinquenta anos, quando o Brasil deixará de ser um país de jovens para ser um país de velhos, segundo o sociólogo Professor Doutor Dirceu Nogueira, autor do livro A invenção da velhice. Segundo o sociólogo, se não tivermos políticas públicas arrojadas e direcionadas a amenizar essa inevitável condição que nos espera, se chegarmos lá, difícil será a vida do velho. 

Ainda que que exija grandes aparatos técnicos na produção de um filme, o A Vida Leva e Traz nos dá uma lição de como fazer um cinema artesanal, com traquitanas feitas de mangueira d'água para fazer chover em trovoadas e relâmpagos pela vidraça da janela na cena da cozinha, metáfora do drama que se inicia, quando Dona Rosa [Raimunda Ribeiro] é abandonada pela cuidadora Fátima [atriz do teatro pernambucano].

Surprendente é tomarmos conhecimento de que o roteiro original deixou de ser um documentário para ser uma obra de ficção, depois que o diretor foi expuldo de um asilo acusado de provocar choro em uma das velhinhas hóspedes na sua pesquisa inicial. Esse fato é inusitado para quem escreve sobre cinema e se depara com uma história bem peculiar de um diretor iniciante. 

Pelo que sabemos, nessa entrevista, o diretor ligou a câmera e perguntou: "Se esta câmera fosse o seu filho, que apareceu agora na sua frente, o que a senhora diria para ele?" A velhinha falante, já em cena, silenciou diante da equipe de produção e dos funcionários do asilo que acompanhavam os trabalhos; sem dizer nada, a velhinha falava com os olhos, o coração, e a emoção veio à tona em gotas abundantes de seus olhos, um drama testemunhados por todos os presentes, que também emudeceram diante da pergunta e da reação da senhora negra e cheirosa, mas carente de afeto, de amigos, de família. Ela estava lá, em meio a tantas outras criaturas forjando alegria de viver em datas comemorativas, um esforço para não sucumbir diante do descaso. 

Voltando ao filme, produzido com muita coragem e sabedoria, podemos dizer que é um recorte de uma realidade presente em nosso cotidiano. O diretor resolveu então partir para a ficção, temeroso em divulgar imagens de idosos e idosas sem o consentimento das ausentes famílias, ensaiou atrizes veteranas do teatro pernambucano, e realizou o ciclo de entrevistas com depoimentos emocionantes, baseados na experiência vivenciada no promitente documentário. 

Se um experiente olhar técnico denunciar qualquer deslize na falta de qualidade na produção de imagens, as fortes cenas valem por sí só; o colorido inicial do filme foi tirado para não fricar as linhas do azulejo da cozinha onde Dona Rosa faz sua refeição, para dar lugar à fotografia em preto e branco, fazendo juz à relação imagem e conteúdo, pois, a vida da maioria dos idosos no Brasil não é cheia de cores. 

Na imagem acima, o filho beija sua mãe em momento de afeto, mas o destino revela surpresas para ambos. O filme foi rodado em Recife, Pernambuco, captou recursos em Belém do Pará [Banco da Amazônia], e finalizado em São Paulo.



   Mídia para captar recursos. Jornal O Liberal [2002].

O Menestrel

Um dia você aprende que...

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você prende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo,
qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute, quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve, e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes,
e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não sabe amar, contudo, o ama como pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores... E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor...



W. Shakespeare
Uni-Escolas-Cinema

_______ Projeto Cineclubista de Educação Audiovisual ________

Darcel Andrade Alves
Coordenador 

APRESENTAÇÃO

O Projeto Cineclubista Uni Escolas Cinema é uma ação cultural e educacional coletiva entre gestores educacionais e culturais, professores, alunos e comunidades que se utilizam das práticas audiovisuais [o fazer cinema ou vídeo] como recurso didático pedagógico e instrumental de socialização e produção de conhecimento em escolas e Universidades. 

Este projeto é vinculado à Linha de Pesquisa "Antropologia Audiovisual" do Museu Paraense Emílio Goeldi, Brasil, em parceria com o Instituto Superior de Ciências Sociis e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, bem como ao Grupo de Pesquisa Culturas e Memórias da Amazônia da Universidade do Estado do Pará – CUMA/UEPA, Campus Vigia de Nazaré, no Brasil. E tem como proponente o Professor, pesquisador e curtametragista, Mestre em Educação e Arteducador Darcel Andrade Alves, Coordenador de Educação e Formação da Federação Paraense de Cineclubes – PARACINE e membro do Conselho Naciona de Cineclubes no Brasil.

Em recente edital da Universidade do Estado do Pará, este projeto foi ampliado e aprovado como Projeto de Extensão Cineclubista para aplicabilidade no campus universitário da cidade de Vigia de Nazaré, envolvendo outros municípios como: São Caetano de Odivelas; Santo Antônio do Tauá e Colares, com a coordenação dos Profesores Elielson Figueiredo, Damásia Nascimento e Darcel Andrade. 


OBJETIVOS:

Geral

Utilizar o cinema nas Escolas públicas do Estado do Pará e comunidades universitárias como instrumento de ação pedagógica e linguagem multi, trans e interdisciplinar, em sala de aula ou fora dela, oferecendo temas geradores e transversais de filmes, numa relação direta entre gestores educacionais, docentes, discentes e comunidades;


Específicos

· Criar espaços alternativos sócio-culturais na interatividade Universidade, Escola e Comunidade, Secretarias de Cultura e de Educação dos Estados brasileiros e do exterior do Brasil, mais os Sistemas Integrados de Bibliotecas Escolares, se pertinente;


· Fortalecer o objetivo de participar, educar, transformar ações isoladas na promoção do coletivo em prol de uma cidadania compartilhada, de inclusão social entre escola e comunidade, utilizando o cinema como linguagem e processo de construção social;


· Apresentar registros históricos da cultura local e nacional [museus, artes plásticas, folclore, dança, teatro, música e diversas expressões artísticas] como forma de fortalecer a identidade e as culturas tradicionais;


· Produzir e socializar conhecimento, pensamento crítico, promoção da cultura regional brasileira e dos países colaboradores;


· Promover oficinas e cursos de cinema e/ou vídeo ministrados por estes proponentes e direcionados aos profissionais da educação e formá-los agentes multiplicadores da produção de conhecimento através do audiovisual;


· Realizar e coordenar amostras e festivais de cinema e/ou vídeo, em parceria com as Secretarias de Cultura e de Educação, como também com as empresas que desejarem apoiar, Universidades dentro e fora do país, em contrapartida e consonância das legislações específicas;



JUSTIFICATIVA

Com a chamada “retomada” do cinema alternativo brasileiro e mundial, os questionamentos sobre o setor vieram à tona. Agora, não mais com ênfase na produção, mas com foco na distribuição e circulação da obra. Depois de finalizado o filme, resta ao produtor a questão de como fazer chegar ao público, cada vez mais diminuto e com tão poucas salas de exibição. Daí a força do cineclubismo para criar espaços alternativos e formar público crítico para uma sociedade mais justa .


ESTRATÉGIAS DE AÇÃO:

1. Articular junto às Universidades, Secretarias de Educação e Cultural, Ministério da Cultura, Ministério da Educação, Ministério de Ciências e Tecnologia e Inovação, de Comunicação, Centros de ducação e Cultura correspondentes de outros países, parcerias para este projeto, solicitando e constituindo apoio de infra-estrutura de material de projeção, de transporte, e remuneração dos profissionais envolvidos, salvo trabalho voluntário destes profisionais;


2. Elaborar um cronograma de ações compartilhadas junto ao Ministério de Cultura e de Educação, junto às Secretarias correspondentes, Conselho Nacional de Cultura e órgãos correlatos, e mais as universidades, gestores educacionais e culturais para a execução das tarefas pertinentes;


3. Articular parceria junto às Escolas públicas dos Estados brasileiros e/ou estrangeiras, convidá-las a viabilizar e apoio local quanto às instalações técnicas de produção e exibição de filmes, bem como a formação de profissionais, e professores voltados para essa demanda;


4. Verificar apoio das possíveis Escolas e/ou comunidade envolvida diretamente no projeto, bem como os profissionais responsáveis em cada uma delas, para melhor articular a produção de vídeos com as coordenações dos proponentes e Secretarias parceiras;


METODOLOGIA

Numa previsão das ações bem sucedidas do projeto e dos trabalhos desenvolvidos pelos educadores, destacam-se três importantes linhas de atuação:


1. Cineclubismo: o exercício do olhar – Filmes diversos são exibidos no exercício de contemplação, observação e percepção da linguagem e estética cinematográfica, assim como a formação de platéia e público crítico para as questões levantadas pelos filmes. Debate após as sessões.


2. Formação: produção de vídeo: cursos e oficinas de roteiro, de direção, operador de câmera e outros – É a oportunidade que alunos, professores, gestores educacionais e comunidade têm de se integrarem, produzirem conhecimento de forma coletiva, trabalharem em equipes, de construírem maneiras diversas de compartilhar idéias e ações conjuntas;


3. Difusão: Realização de “Mostras de Cinema Aberto nas Escolas e Universidades" com a exibição dos filmes produzidos nos cursos do item 2 desta metodologia, com suas abordagens críticas das realidades documentadas. Na educação chamamos isso de “diagnose”, recorte da realidade do entorno, levar para a sala de aula, discutir, criticar essa realidade, pensar e construir projetos com foco nas questões levantadas e dar retorno à sociedade, devolver a ela o que foi tirado enquanto percepção causal e retribuir através de ações viabilizadoras de soluções possíveis aos problemas apresentados – função social do Projeto UNI ESCOLAS CINEMA.